segunda-feira, 28 de abril de 2008

DOENÇAS DA PRIMAVERA
Asma, rinite e conjuntivite afectam mais de um terço dos portugueses, sobretudo na Primavera. Responsável por grande parte dos casos de alergia, o pólen concentra-se mais no ar caso haja vento, o tempo esteja seco e a temperatura elevada. Quando a estes factores se junta a poluição ambiental, tudo se complica. Nos países industrializados e, portanto, mais poluídos, o número de doentes alérgicos tende a aumentar, e as queixas começam, muitas vezes, ainda na infância ou na adolescência. Subsistem, contudo, dúvidas quanto à razão do aumento dos casos de alergia. Além da poluição, vários dados indicam que, nos países ocidentais, poderão estar na origem desse crescimento factores como um ambiente doméstico cada vez mais hermético, certas substâncias alimentares e a diminuição das infecções na primeira infância (que, graças à vacinação, antibióticos e melhores condições sanitárias, leva o sistema imunitário a combater partículas supostamente inofensivas, em vez de lutar contra micróbios e parasitas). A piorar o quadro está o facto de diferentes alergias coexistirem frequentemente no mesmo doente. De acordo com Morais de Almeida, «estima-se que cerca de 80% dos asmáticos sofram também de rinite alérgica e que até 40% dos doentes com rinite alérgica tenham asma». Devido ao contacto directo do grão de pólen com a pele, o eczema atópico - uma afecção cutânea que atinge mais de um milhão de portugueses - manifesta-se também mais na Primavera. Mas, além das alergias que se agravam, tipicamente, nesta época do ano, outras há que atingem igualmente grande parte da população nacional, como é o caso da reacção a produtos alimentares (5%). Tenham origem na propensão genética ou em condições ambientais, as alergias não se limitam a causar desconforto. Muitas vezes, perturbam o rendimento escolar ou profissional. Mais raramente, chegam a provocar a morte. A alergia a venenos de vespas ou abelhas é, aliás, exemplo de uma situação potencialmente fatal, «caso não seja tratada», diz Morais de Almeida. A resposta a este problema, cujos sintomas são geralmente «a perda de sentidos e a falta de ar», pode passar pela administração de uma vacina, refere. Outra alergia que se pode revelar «muito grave» é a reacção a medicamentos. Assim, e tendo em conta que as doenças alérgicas matam quatro milhões de pessoas por ano, importa estar atento aos sinais. A partir do diagnóstico, inicia-se o tratamento, que será tanto mais efectivo quanto precoce.
Adaptado do artigo "Doenças da Primavera" do Jornal Expresso.